Na Barra, cidade localizada no Médio São Francisco, no encontro do rio Grande com o rio São Francisco, persiste a produção cerâmica utilitária e decorativa com algumas características indígenas quanto às questões plásticas, embora apresente também indícios de influência portuguesa. Toda a produção de cerâmica de Barra era realizada nos quintais das casas das ceramistas, no povoado denominado Caatinguinha, próximo ao distrito-sede, considerado um dos maiores centros oleiros do São Francisco. Naquela ocasião, nos anos 1950, o trabalho em cerâmica era exclusivamente feminino. A partir dos anos 1990, com a intervenção do Instituto Mauá dá-se a introdução do trabalho masculino, apontando para modificações, na manufatura e temática abordada nas peças, este trabalho sinaliza para a introdução da manufatura de imagens de santo em barro, até então inexistente naquela localidade, cuja tradição recai sobre uma produção utilitária e decorativa. Para este trabalho de documentação fotográfica visitei dois projetos: o da Associação das Ceramistas Nossa Senhora de Fátima e da Escola de Arte Mestre Gerard. Os dois projetos utilizam para a produção de suas peças do barro extraído do rio Grande e dos pigmentos do barro extraído do Velho Chico. O primeiro trabalha exclusivamente com cerâmica utilitária e decorativa e o segundo com os santos de barro e os orixás, criando uma arte única e sincrética de valor incalculável.
